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30 de jun. de 2014

Reunião de #44 Sexta-feira, 27 de Junho de 2014 (Estimulação)

A importância da estimulação e intervenção precoce no autismo tem-se tornado possível graças a sua identificação cada vez mais cedo. Essa abordagem caracteriza-se em compreender os desvios do desenvolvimento da criança autista, e desenvolver um trabalho adequado e individualizado em áreas consideradas fundamentais: contato visual, imitação, comunicação (compreensão e uso da linguagem), processamento sensorial, desenvolver habilidades de socialização(brincar apropriadamente com brinquedos e interação social) e família. O ambiente escolar deve oferecer estratégias para generalizar as informações recebidas e usa-las em todos os ambientes, programas estruturados, transição em atividades não preferenciais, rotina e planos para comportamentos considerados problemáticos.
O envolvimento dos pais é peça fundamental para o desenvolvimento da criança,  através do ensino de técnicas de terapia,  e treinamentos visando promover a estimulação. Para estimular a fala é necessário, focalizar na linguagem não-verbal e assim desenvolver as habilidades de comunicação funcional. Com isso ajudar essa crianças a desenvolver a primeira fase da comunicação que seria as habilidades de: apontar, olhar e imitar.
“O cérebro cresce de acordo que e usado”. Assim como uma planta o "Cérebro das Crianças", desde muito cedo, precisa ser cultivado e estimulado. Então, é preciso saber para oferecer o melhor! Com sugestões, bastante interessantes, da maneira que os familiares devem desenvolver melhor suas crianças. Então, vamos tirar o melhor proveito para criarmos nossos filhos com mais alegria e prazer de viver. O cérebro a uma plantinha: você tem de regá-lo e, então, dar tempo ao tempo. "As flores só vão brotar depois", os pais não são os jardineiros, mas parceiros nessa jornada.
A maior parte das transformações no cérebro ocorre na primeira infância. Ou seja, armazenamos mais ou menos 60% da nossa capacidade cognitiva. Nesse período ocorre a sinapse que quando não utilizadas são descartadas. Mas não é a única revolução que se passa no cérebro, nessa época. "Abrem-se" também as janelas de aprendizado ou oportunidades, que favorecem aprendizado de certas habilidades. Então, quanto mais cedo à criança começar a aprender coisas novas, sejam as letras, as cores ou os números, melhor. Nem todas as janelas de oportunidades se fecham na primeira infância. Apesar de certas habilidades serem comprometidas para sempre, outras podem ser aprendida no futuro. 
A melhor resposta para o estimulo: É viver! Parte principal na estimulação (Dedicação compromisso). Se eles querem ver TV permaneça junto, pelo menos por alguns minutos. Assim você pode ver qual o interesse deles, esclarecer dúvidas, criar vínculos. Mesmo o videogame não é um estímulo proibido. Desde que haja equilíbrio: as crianças precisam de fantasias para se desenvolver, e os jogos podem ajudá-las nesse sentido. Vale tudo! Para ativar a inteligência, não é preciso ir longe. Uma passeo ao quintal da sua casa já faz diferença. As folhas, a grama, o vento, as formigas e outros bichinhos.
Como saber se você não está exagerando nos estímulos? Se a criança mantém o interesse, é porque está tudo bem. Seja qual for o estímulo, que ele seja uma experiência divertida. Brinque com as crianças, deixe-as livres. Assim você não perde chance a de ver acontecer o milagre do desenvolvimento. Brincar é coisa muito séria. Toda criança deveria poder brincar. A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos. As brincadeiras aparentemente simples são fontes de estímulo ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança com deficiência mental/intelectual ou autismo e também é uma forma de auto-expressão. Talvez poucos pais saibam o quanto é importante o brincar para o desenvolvimento físico e psíquico do seu filho. A ideia difundida popularmente limita o ato de brincar a um simples passatempo, sem funções mais importantes que entreter a criança em atividades divertidas.
Dicas de Brincadeiras para a criança Autista:
- Brincadeiras afetivas (olhar, sorrir, conversar, massagens, estimular o toque com ursos almofadas, lençóis e plumas). 
- Brincadeiras na frente do espelho (fazer caretas, sorrir, se esconder e achar).
- Brincar com bolinhas de sabão;
- Brincadeiras corporais (“pega- pega”, fazer cócegas, abraçar e se esconder)
- Brincar com música e brincadeiras cantadas (dramatizando a música com o corpo, pular, dançar e interagir).  
- Brincar com massinha, argila, tinta e areia (deixar a criança explorar para que perceba as sensações, se você perceber que ela tem uma resposta negativa, tentar inserir outras formas para que ela brinque com essas matérias, por exemplo, adaptar o pincel.)
- Brincadeiras com balões (com música encher os balões, deixar a criança explorar, jogar, iniciando entregas simples como não poder deixar cair no chão).
- Jogos (quando a criança já está inserida numa rotina você pode brincar com jogos, lembrando que sempre devemos respeitar as particularidades da criança e o nível do desenvolvimento que ela se encontra).
As brincadeiras são uma ferramenta divertida para desenvolver o potencial cognitivo, psicomotor, social e afetivo da criança. Lembrando que sempre devemos respeitar o seu nível de desenvolvimento, promovendo uma sessão prazerosa e gradativamente oferecendo desafio para que a criança amplie o seu repertório lúdico e social.
 "Se você não puder aceitar e ajudar a criança autista a superar as suas dificuldades, ame-a de  todo o seu coração, com todo o seu amor e toda a sua aceitação.
Alguma tarefa importante ela está desempenhando junto de você, certamente para proveito de ambos. Confie, trabalhe e espere. Cada dia e uma chance nova que recebemos para melhorar.

Obrigada a presença:

Fernanda Rocha, Arinda  Taylor, Dayane Nietto, Jazmin Ruiz, Marcos dos Santos, Magna, Renata Ramos, Gloria Pinto, Dayana Teixeira, Vanilde da Silva, Cristina Matos, Magna Caldas, Edson da Silva.

26 de jun. de 2014

Reunião de #43 Quinta-feira, 22 de Maio de 2014 (Autismo & Odontologia)

Essa reunião aconteceu em data extraordinária foi um encontro único maravilhoso e muito produtivo.  Apresentação foi conduzida por Adriana Zink. Tema: Abordagem lúdica para o tratamento odontológico.
Biografia: Adriana Zink é brasileira cirurgiã-dentista mestre e especialista em pacientes com necessidades especiais. Dedicada ao estudo e condicionamento de pacientes autistas ao tratamento odontológico através de métodos diferenciados como pecs, son rise, floortime, etc. Colaboradora da "Revista... Autismo" com publicações relacionadas à odontologia.
Professora da UNIP na especialização de pacientes com necessidades especiais. Doutoranda em odontopediatria. Vencedora do premio orgulho autista Brasil.


 Adriana começou sua palestra fazendo uma comparação entre o tratamento no serviço publico americano e o brasileiro. O tratamento odontológico nos EUA acontece da seguinte forma: A criança vai para o consultório para ser atendida, se for apenas tratamento de prevenção ou algo simples é feito no próprio consultório, mas se ela não colaborar é dada ao pai a opção pela sedação no consultório ou transferi-la para o Hospital, sem nenhum custo adicional ao paciente. (Esses dados são informações somente de Massachusetts, os Estados funcionam de maneira independente). Infelizmente, essa realidade não se aplica ao Brasil, se a criança não possui uma condição financeira de ir ao hospital permanecera com dor, a fila de espera para um atendimento chega há quase dois anos. Então, imagine o desconforto desse paciente autista, ele não conseguirá se desenvolver em nenhuma terapia, nem fazer progresso na escola porque esta com dor.  Como conseqüentemente ele ficara mais agitado, mais agressivo, com mais movimentos estereotipados, mas ele só esta com dor de dente.

Outra realidade brasileira é quando os pais ligam ao consultório procurando tratamento e ao informar que o paciente é autista, muitos dentistas por preconceitos ou falta de conhecimentos dizem não atender autistas. Sem ao menos fazer o primeiro contato e ver se vão conseguir atender o paciente. Adriana também faz parte da Câmara Técnica para Pacientes com Necessidades Especiais de São Paulo, eles disponibilizaram um link para os pais fazerem a denuncia do profissional que se recusou prestar o atendimento ao autista, e o CRO será o responsável de tomar as providencias. Infelizmente muitos pais desconhecem o seu direito, e ficam ligando a vários consultórios em busca de algum profissional que atenda a criança autista. Por outro lado o profissional tem o direito de dizer que é incapaz por falta de conhecimento de atender esse paciente, mas ele deve encaminhar a alguém que atenda. Adriana se interessou a estudar sobre o autismo, a fim de ajudar esses pacientes e diminuir o tempo de espera nas filas de internação. A dentista oferece o uso da sedação para os pacientes, mas essa sedação tem um custo, e infelizmente nem todos os pacientes conseguem pagar, foi ai que ela começou a buscar alternativas e outras formas de tratamentos com abordagem comportamentais. A partir de um trabalho diferenciado com o uso do PEC’S e técnicas de ABA, Adriana conseguiu mudar o comportamento de muitos pacientes.

Antes de começar o tratamento ela entrevista os pais para saber tudo sobre seu paciente:

O que gosta? O que não gosta? Experiências anteriores?

É extremamente importante antecipar os acontecimentos explicando passo a passo as fases do tratamento com o uso de imagens, fotos ou figuras, isso diminui a ansiedade e as frustrações. O uso de bonecos, fantoches de dedos, animais com dentes auxiliam o tratamento tornando-se divertido. Muitos desses pacientes não são verbais, por isso é necessário uma linguagem acessível ao seu entendimento. Somente iniciar se o paciente se mostrar receptivo. Recompensar quando ele aceitar, usar as informações fornecidas pelos pais, encerrar a sessão assim que o paciente estressar, recomeçar tudo em outra sessão, paciência, falar em tom baixo e amor ao próximo são qualidades dessa extraordinária dentista.

Depois da entrevista há todo um cuidado com a preparação do ambiente para receber esse paciente, Adriana separa objetos ou personagem que a criança gosta, sendo que a criança não abre a boca para a dentista, mas vai abrir para a personagem favorita. Fazendo o uso da própria motivação da criança, ela inicia um relacionamento de confiança com esse paciente. Adriana realiza seu trabalho com muito amor, respeitando o paciente e fazendo com que seja tudo divertido e espontâneo.

Através de anos de experiência, pesquisas e seu doutorado, Adriana deseja disponibilizar gratuitamente um aplicativo para tabletes e Ipad com todo o material visual de apoio ao tratamento para facilitar a comunicação entre o dentista e o paciente autista.

Após desenvolver uma pesquisa em 26 pacientes autista de baixo funcionamento numa faixa etária ate 19 anos. Notou-se que um paciente adulto que nunca foi estimulado ou teve terapias é muito mais difícil, e apresenta muito mais resistência ao tratamento do que uma criança que vem sendo estimulada. O resultado da pesquisa foi motivador, mostrando que a doutora conseguiu tratar os 26 pacientes no consultório, sem contenção física e sem nenhum tipo de sedação.  Essa técnica mostrou que se apresentar o tratamento da maneira correta ao paciente vai diminuir os números que vão precisar da intervenção e da anestesia geral.

Há uma diferença significativa naqueles pacientes da pediatria que nunca foram ao dentista, com aqueles pacientes adultos que já tiveram alguma experiência negativa de uso de contenção, para as crianças é mais fácil a abordagem sendo que os adultos apresentam uma resistência maior pelo medo das experiências anteriores, mas aos poucos através da abordagem lúdica (divertida) o paciente vai oferecendo menos resistência ate o momento em que ele chegue a colaborar. Por isso é importante a intervenção precoce mesmo que a criança não tenha carie. Crie o habito de visitar regularmente a cada 6 meses o dentista. Mais importante que o habito é a prevenção, essa é uma responsabilidade das mães escovarem os dentes das crianças todos os dias.

Adriana reforça que não existe milagre, é técnica, treinamento que necessita do apoio dos pais, terapeutas e do profissional. Mas sempre vai existir aquele paciente que necessita do uso da sedação, ou aquele que vai precisar ir para o hospital e fazer o uso da anestesia geral, mas muitos desses casos podem ser revertidos e um dia voltarem a serem atendidos no consultório.

Se possível visite o consultório antes da consulta, fotografe o dentista e as etapas do tratamento, a criança tem o direito de saber o que vai acontecer. Isso não vai fazer com que ela goste, mas vai diminuir o medo das surpresas; ou futuros traumas. Os sons também são importantes antecipar principalmente para as crianças com distúrbios na área sensorial, a doutora deu dicas muito simples e acessíveis: Ligue o liquidificador peça ajuda da criança, façam um bolo juntos ou seque o cabelo com secador. Todos esses barulhos ajudam a criança a desenvolver a tolerância aos sons. Condicione em casa com uso de barulho!

O reforço positivo também faz parte de seu trabalho, mas ela trabalha tentando mudar a maneira que se aplica esse reforço. Substituir o uso excessivo de doces, por outros tipos de recompensas, adesivos, aplausos, elogios, ir a um lugar favorito, brincar com o Ipad. Adriana cita um fator muito importante aos pais de crianças autistas. Diz que é necessário ter muita PACIENCIA e AMOR!

Respeitem o tempo de seu filho é à base do sucesso de qualquer tratamento.

Adriana também respeita o tempo de seu paciente ela expressa um desejo enorme de que todo tratamento seja espontâneo.

Outra dica importante é criar o habito da escovação na frente do espelho e você servindo de modelo para a criança copiar. O momento também é muito importante, nunca peça para a criança escovar os dentes na hora que ela estiver em uma atividade preferida, ou vendo o filme favorito, para a criança não associar a escovação a algo negativo. (Escovar os dentes significa parar de fazer algo que gosta). Adriana percebeu também nos seus anos de trabalho que o paciente autista apresenta sérios problemas de coordenação motora fina, e na época escolar onde desenvolve a escrita e a época ideal de incentivar a escovação independente. Nesse momento os pais têm que estar atentos para não perder essa oportunidade senão as crianças crescem e ficam dependentes dos pais, elas aprendem a escrever não aprendem a escovar os dentes.

Atualmente há aproximadamente 2 milhões de crianças no espectro do autismo no Brasil, no Estado de São Paulo são 500 mil, e na cidade de São Paulo são 100 mil. E apenas 535 dentistas especialistas em pacientes com necessidades especiais em todo o Brasil. Desde 2009 não abre turma de especialização por falta de inscrição de alunos, todos querem concorrer pelas mesmas vagas. Todos querem fazer estética e implantes. Há um projeto de lei no Brasil que se for aprovado os dentistas pediatras do serviço publico terão que ser treinados para tratar o paciente autista

Segundo Adriana somente tratar nos hospitais casos mais graves. Mas quando é apenas 1 dente ela aconselha a trabalhar e educar essa criança que ela precisa sentar e tratar os dente no consultório. Ela pede aos pais para não dependenrem somente da terapeuta e sim trabalhar com muitos estímulos em casa, pois esse é caminho para essa criança se desenvolver de maneira significativa.

Para as crianças que escovam com pastas com flúor e não cospe, ela recomenda diminuir a quantidade de pasta na escova, para não dar fluorose nos dentes, são manchas nos dentes permanentes pela ingestão excessiva do flúor.

Para ter mais informações e conhecer o trabalho da Adriana acesse o link:
http://adrianazink.blogspot.com/
 
“Essa matéria é um resumo da apresentação da Adriana Zink, não contém detalhes, explicações, as respostas das perguntas feitas na reunião.”


Obrigada ao apoio profissional:

Ana Henrichs: Ela trabalha prestando assistência psicológica as famílias vivenciando situações de crise, como também auxiliam as famílias ao acesso a serviços comunitários.
Rhea Smith: Ela trabalha prestando assistência e defesa as famílias, especialmente para aqueles que falam Português.

Obrigada a presença:
Fernanda Rocha, Edson da Silva, Edson Mendonça, Eliana Mendonça, Letícia Mendonça, Beatriz Mendonça, Elias Ramos, Cristina Matos, Noêmia Bueno, Cleidiana Monteiro, Dayana Teixeira, Dayane Nietto, Gisele Melo, Monica Vieira, Vanilde Ferreira.


Palestra com Adriana Zink  
Federations For Children With Special Needs
Charlestown, MA