Biografia: Adriana Zink é brasileira cirurgiã-dentista mestre e especialista em pacientes com necessidades especiais. Dedicada ao estudo e condicionamento de pacientes autistas ao tratamento odontológico através de métodos diferenciados como pecs, son rise, floortime, etc. Colaboradora da "Revista... Autismo" com publicações relacionadas à odontologia.
Professora da UNIP na especialização de pacientes com necessidades especiais. Doutoranda em odontopediatria. Vencedora do premio orgulho autista Brasil.
Outra realidade brasileira é quando os pais
ligam ao consultório procurando tratamento e ao informar que o paciente é
autista, muitos dentistas por preconceitos ou falta de conhecimentos dizem não
atender autistas. Sem ao menos fazer o primeiro contato e ver se vão conseguir
atender o paciente. Adriana também faz parte da Câmara Técnica para Pacientes com Necessidades Especiais de São Paulo,
eles disponibilizaram um link para os pais fazerem a denuncia do profissional
que se recusou prestar o atendimento ao autista, e o CRO será o responsável de
tomar as providencias. Infelizmente muitos pais desconhecem o seu direito, e
ficam ligando a vários consultórios em busca de algum profissional que atenda a
criança autista. Por outro lado o profissional tem o direito de dizer que é
incapaz por falta de conhecimento de atender esse paciente, mas ele deve
encaminhar a alguém que atenda. Adriana se interessou a estudar sobre o
autismo, a fim de ajudar esses pacientes e diminuir o tempo de espera nas filas
de internação. A dentista oferece o uso da sedação para os pacientes, mas essa
sedação tem um custo, e infelizmente nem todos os pacientes conseguem pagar,
foi ai que ela começou a buscar alternativas e outras formas de tratamentos com
abordagem comportamentais. A partir de um trabalho diferenciado com o uso do
PEC’S e técnicas de ABA, Adriana conseguiu mudar o comportamento de muitos
pacientes.
Antes de começar o tratamento ela
entrevista os pais para saber tudo sobre seu paciente:
O que gosta? O que não gosta? Experiências anteriores?
É extremamente importante antecipar os
acontecimentos explicando passo a passo as fases do tratamento com o uso de
imagens, fotos ou figuras, isso diminui a ansiedade e as frustrações. O uso de
bonecos, fantoches de dedos, animais com dentes auxiliam o tratamento tornando-se
divertido. Muitos desses pacientes não são verbais, por isso é necessário uma
linguagem acessível ao seu entendimento. Somente iniciar se o paciente se
mostrar receptivo. Recompensar quando ele aceitar, usar as informações
fornecidas pelos pais, encerrar a sessão assim que o paciente estressar,
recomeçar tudo em outra sessão, paciência, falar em tom baixo e amor ao próximo
são qualidades dessa extraordinária dentista.
Depois da entrevista há todo um cuidado com a preparação do ambiente para receber esse paciente, Adriana separa objetos ou personagem que a criança gosta, sendo que a criança não abre a boca para a dentista, mas vai abrir para a personagem favorita. Fazendo o uso da própria motivação da criança, ela inicia um relacionamento de confiança com esse paciente. Adriana realiza seu trabalho com muito amor, respeitando o paciente e fazendo com que seja tudo divertido e espontâneo.
Através de anos de experiência, pesquisas e
seu doutorado, Adriana deseja disponibilizar gratuitamente um aplicativo para tabletes
e Ipad com todo o material visual de apoio ao tratamento para facilitar a
comunicação entre o dentista e o paciente autista.
Após desenvolver uma pesquisa em 26 pacientes autista de baixo funcionamento numa faixa etária ate 19 anos. Notou-se que um paciente adulto que nunca foi estimulado ou teve terapias é muito mais difícil, e apresenta muito mais resistência ao tratamento do que uma criança que vem sendo estimulada. O resultado da pesquisa foi motivador, mostrando que a doutora conseguiu tratar os 26 pacientes no consultório, sem contenção física e sem nenhum tipo de sedação. Essa técnica mostrou que se apresentar o tratamento da maneira correta ao paciente vai diminuir os números que vão precisar da intervenção e da anestesia geral.
Há uma diferença significativa naqueles
pacientes da pediatria que nunca foram ao dentista, com aqueles pacientes adultos
que já tiveram alguma experiência negativa de uso de contenção, para as
crianças é mais fácil a abordagem sendo que os adultos apresentam uma
resistência maior pelo medo das experiências anteriores, mas aos poucos através
da abordagem lúdica (divertida) o paciente vai oferecendo menos resistência ate
o momento em que ele chegue a colaborar. Por isso é importante a intervenção
precoce mesmo que a criança não tenha carie. Crie o habito de visitar
regularmente a cada 6 meses o dentista. Mais importante que o habito é a
prevenção, essa é uma responsabilidade das mães escovarem os dentes das
crianças todos os dias.
Adriana reforça que não existe milagre, é técnica, treinamento que necessita do apoio dos pais, terapeutas e do profissional. Mas sempre vai existir aquele paciente que necessita do uso da sedação, ou aquele que vai precisar ir para o hospital e fazer o uso da anestesia geral, mas muitos desses casos podem ser revertidos e um dia voltarem a serem atendidos no consultório.
Se possível visite o consultório antes da consulta, fotografe o dentista e as etapas do tratamento, a criança tem o direito de saber o que vai acontecer. Isso não vai fazer com que ela goste, mas vai diminuir o medo das surpresas; ou futuros traumas. Os sons também são importantes antecipar principalmente para as crianças com distúrbios na área sensorial, a doutora deu dicas muito simples e acessíveis: Ligue o liquidificador peça ajuda da criança, façam um bolo juntos ou seque o cabelo com secador. Todos esses barulhos ajudam a criança a desenvolver a tolerância aos sons. Condicione em casa com uso de barulho!
O reforço positivo também faz parte de seu trabalho, mas ela trabalha tentando mudar a maneira que se aplica esse reforço. Substituir o uso excessivo de doces, por outros tipos de recompensas, adesivos, aplausos, elogios, ir a um lugar favorito, brincar com o Ipad. Adriana cita um fator muito importante aos pais de crianças autistas. Diz que é necessário ter muita PACIENCIA e AMOR!
Respeitem o tempo de seu filho é à base do
sucesso de qualquer tratamento.
Adriana também respeita o tempo de seu
paciente ela expressa um desejo enorme de que todo tratamento seja espontâneo.
Outra dica importante é criar o habito da
escovação na frente do espelho e você servindo de modelo para a criança copiar.
O momento também é muito importante, nunca peça para a criança escovar os
dentes na hora que ela estiver em uma atividade preferida, ou vendo o filme
favorito, para a criança não associar a escovação a algo negativo. (Escovar os
dentes significa parar de fazer algo que gosta). Adriana percebeu também nos
seus anos de trabalho que o paciente autista apresenta sérios problemas de coordenação
motora fina, e na época escolar onde desenvolve a escrita e a época ideal de
incentivar a escovação independente. Nesse momento os pais têm que estar
atentos para não perder essa oportunidade senão as crianças crescem e ficam
dependentes dos pais, elas aprendem a escrever não aprendem a escovar os
dentes.
Atualmente há aproximadamente 2 milhões de crianças no espectro do autismo no Brasil, no Estado de São Paulo são 500 mil, e na cidade de São Paulo são 100 mil. E apenas 535 dentistas especialistas em pacientes com necessidades especiais em todo o Brasil. Desde 2009 não abre turma de especialização por falta de inscrição de alunos, todos querem concorrer pelas mesmas vagas. Todos querem fazer estética e implantes. Há um projeto de lei no Brasil que se for aprovado os dentistas pediatras do serviço publico terão que ser treinados para tratar o paciente autista
Segundo Adriana somente tratar nos hospitais casos mais graves. Mas quando é apenas 1 dente ela aconselha a trabalhar e educar essa criança que ela precisa sentar e tratar os dente no consultório. Ela pede aos pais para não dependenrem somente da terapeuta e sim trabalhar com muitos estímulos em casa, pois esse é caminho para essa criança se desenvolver de maneira significativa.
Para as crianças que escovam com pastas com
flúor e não cospe, ela recomenda diminuir a quantidade de pasta na escova, para
não dar fluorose nos dentes, são manchas nos dentes permanentes pela ingestão
excessiva do flúor.
Para ter mais informações e conhecer o
trabalho da Adriana acesse o link:
http://adrianazink.blogspot.com/“Essa matéria é um resumo da apresentação da Adriana Zink, não contém detalhes, explicações, as respostas das perguntas feitas na reunião.”
Obrigada
ao apoio profissional:
Ana
Henrichs: Ela trabalha prestando assistência
psicológica as famílias vivenciando situações de crise, como também auxiliam as
famílias ao acesso a serviços comunitários.
Rhea
Smith: Ela trabalha prestando assistência e defesa
as famílias, especialmente para aqueles que falam Português.
Obrigada a presença:
Fernanda Rocha, Edson da Silva, Edson
Mendonça, Eliana Mendonça, Letícia Mendonça, Beatriz Mendonça, Elias Ramos,
Cristina Matos, Noêmia Bueno, Cleidiana Monteiro, Dayana Teixeira, Dayane Nietto,
Gisele Melo, Monica Vieira, Vanilde Ferreira.
Palestra com Adriana Zink
Federations For Children With Special Needs
Charlestown, MA
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